Resumo:
1 – 34: O livro
começa um tanto confuso, indo de um assunto a outro, até que Alice (Ou
professora Poli) a protagonista da nossa historia decide começar a contar onde
tudo começou (tudo escrito em um caderninho abandonado da Barbie, já
amarelado), morando em João Pessoa normalmente até sua filha Norinha decidir se
mudar com seu marido para Porto Alegre, mas há um porém, Norinha quer ter um
filho, mais de um na verdade, mas com a carreira tão difícil de ser conseguida
e não podendo arriscar queria que sua mãe se mudasse para Porto Alegre para
cuidar da cria por ela.
Alice
no começo é um tanto quanto relutante, Norinha desconta todas as suas
frustrações de quando era criança em sua mãe de forma cruel depois age como se
nada tivesse acontecido, mas secretamente vai moldando os parentes para que
falem a sua mãe sobre Porto Alegre. Norinha vai para Porto e telefona vez em
quando para Alice, sem insistir no assunto, até que chega o final do ano e ela
vai para João Pessoa, a parentada toda se junta na casa de Alice, era Rio
Grande do Sul para cá e para lá, até que enfim, Alice cede, meio contrariada,
mas cede.
37 – 69: Os
últimos tempos de Alice em João Pessoa, emburrada para variar, Elizete
ajeitando as
coisas, vendendo até roupas que segundo ela eram do século passado,
enquanto Norinha lá em Porto Alegre arrumava um apartamento para sua Mainha,
mais do seu jeito do que do jeito da querida professora Poli.
O
desejo era que Alice fosse para Porto Alegre já nas férias de Julho mas, devido
ao frio do sul, bateu o pé e disse que só iria depois do inverno, passagens
compradas para 22 de Setembro, pobre Alice. Já em Porto Alegre um tanto quanto
ressabiada mas estava lá não é mesmo? Em seus primeiros dias nem queria saber
de sair, lá pelo terceiro dia decidiu ir apenas sacar um dinheirinho e logo
voltou para casa, tentando não ser vista pelo porteiro do prédio e tirando o
telefone do gancho, queria paz. Dando-se conta que limpar aqueles moveis
modernos ia ser um tanto quanto trabalhoso decidiu contratar uma diarista, pediu
para o porteiro lhe indicar alguma e aguardou, logo veio uma loira para
avaliar, Alice tentou fazer várias perguntas mas a loira nem abria a boca, por
fim disse que não ia dar não e saiu, rapidamente. Pouco depois o porteiro ligou
no interfone e avisou que ia subir outra diarista, uma mulata, brasileirinha
que nem Dona Alice, ia aceitar de certeza, era Milena.
Alice e
Milena se deram muito bem, estava se sentindo até mais em casa, historia triste
de Milena, ela, seu marido e os filhos pequenos vieram da Bahia por causa de
uma proposta de emprego, mas acabaram sendo deixados para lá e o marido se
afundou no álcool, Milena estava dando duro como podia, era diarista todos os
dias da semana para poder colocar comida na mesa.
73 – 93: Alice
foi levada por sua filha a conhecer a grande casa nova, parecia a mesma casa de
Alice só que maior segundo ela, passou a visita inteira calada apenas
concordando e provando todas as comidas que sua filha colocava na mesa, quase
indo embora Norinha e seu marido soltam a bomba, iam para a Europa passar no
mínimo 6 meses lá a estudo, Alice ficou em choque, parou de ouvir o que
falavam, saiu correndo o mais rápido que pôde e foi para casa, não atendia o
telefone nem nada, adormeceu.
Sonhou
com uma vez que estava no dentista e ouviu na TV sobre a TPM e ficou puta da
vida com tanta baboseira que ouviu, antigamente em vez de TPM se chamava
malcriação mesmo. Acordou com o interfone, o porteiro disse que o vizinho
estava ouvindo vários xingamentos vindo do apartamento de Alice, inventou que
dormiu com a TV ligada, então havia xingado para os 4 cantos após a noticia da
sua filha?
Alice
de dia desceu o elevador e disse que iria viajar para o porteiro, para que
avisasse sua filha, voltou pelo outro lado e foi para seu apartamento normalmente
para se isolar do mundo e assim ficou por um tempo até que o telefone tocou,
era Elizete, a amiga de Elizete Socorro precisava de uma ajudinha, seu filho
Cicero Araújo tinha se mudado para Porto Alegre fazia um tempo para trabalhar
numa construtora, ligava toda semana para sua mãe para dar noticias, mas depois
que a obra acabou ninguém mais ouviu falar dele, Socorro queria que Alice fosse
ir dar uma procurada por ai, principalmente na Vila Maria Degolada que era onde
ele morava, por que não? Alice não tinha nada de melhor para fazer mesmo.
95 – 123:
Decidida a procurar por Cicero Araújo saiu disfarçadamente do seu apartamento
para que nem o porteiro a visse, saiu andando meio sem rumo já que não sabia
onde ficava a Vila Maria Degolada, porém, depois que se afastou um tanto do seu
ponto inicial parou para comer em um balcãozinho, aproveitou e pediu informação
para o idoso que a atendeu, estranhou como se referem as ruas no sul “as ruas
são todas andróginas aqui” segundo ela, quando chegou na Vila Maria Degolada e
foi perguntar em alguma casa se estava mesmo lá começaram a falar da Santa da
vila, a capelinha que fica lá no topo, a menina saia para levar comida pro pai
no quartel todo dia, um soldado queria fazer coisas com ela mas ela sempre
recusava, até que um dia ele se enfezou, cortou a cabeça dela e fez o que
queria fazer, descobriram um tempo depois e a menina virou santa, ganhou
capelinha e o povo ia lá fazer promessa, Alice já meio confusa com a historia
toda começou a falar de Cicero, notou que historia de mãe desesperada rende
ouvidos, uma das moças já a puxou para subir mais o morro e ir perguntando de
Cicero de porta em porta, a historia sempre ia se tornando mais dramática.
Depois de uns tempos buscando na Vila da Maria foi informada que ali ela não
iria achar não, tinha que ir lá pra Vila João Pessoa pra ver se encontrava algo
por lá, já era lá pra 4 da tarde de uma jornada que tinha começado de
manhãzinha, mas por que não? Tudo o que Alice menos queria era voltar para o
seu apartamento nesse momento.
127 – 153:
Chegando na Vila João Pessoa foi logo para onde a indicaram, sem sucesso, não
deixou de rodar pela Vila, mendigos, passo apertado, foi em uma floricultura
que haviam indicado porque lá trabalhava uma moça que era lá da região de cima,
com isso descobriu que para achar Cicero nesses abrigos de obra ela ia precisar
do apelido dele, por nome não conheciam ninguém não. Continuou rondando e achou
um abrigo, perguntou de Cicero, mesma resposta: Precisava do apelido, mas
recebeu a noticia que recentemente um menino de obra havia se acidentado,
próximo destino? O pronto-socorro , pegou o ônibus, bateu papo enquanto ia para
lá, porém, mais uma vez frustrada no pronto-socorro, sem nada sobre Cicero
Araujo, ligaram até para outros locais de atendimento, nada.
157 – 179: Alice
passou a noite lá mesmo, pela manhã foi para uma padaria quase arrumou briga
com
o atendente por não saber que cacetinho no Rio Grande do Sul é pão, os dois
riram bastante e a querida professora Poli tomou seu café da manhã, de volta na
Vila João Pessoa começou a rondar, foi em uma loja de 1,99 comprou vários
livros e uma mochilinha infantil para carregar os livros, parou em uma praça
para folhear, passou um tempo lá observando a natureza. Cansou, começou a
rondar mais e parou em um sebo, não parou para procurar livros simplesmente se
sentou em uma mesinha que havia lá e começou a ler os que já trazia na mochila,
ficou lá até tarde da noite saindo junto com o estabelecimento fechando, saiu a
procura de um lugar para dormir, entrou em um motel sem querer, cansada, não
tinha R$40 para poder dormir no motel, foi embora.
183 – 204: Poli
foi andando já sem rumo pela rua, leu umas placas de percebeu que havia uma
rodoviária por perto, deu seu jeito para chegar lá, achou tudo muito lindo, mas
precisava arrumar algumas coisas: Roupas intimas novas, um banho de rodoviária
e comer alguma coisa de verdade que não fossem lanchinhos de rua. Resolveu tudo
isso sacando dinheiro em um caixa eletrônico, nem ao menos olhou o saldo, na
última parada, comer, notou que a atendente era Paraibana também, já conseguiu
mais uma pista para achar Cicero, ir em um campinho de futebol, mas já estava
muito tarde... Se encostou em um canto da rodoviária e dormiu lá mesmo.
Com as
roupas anteriores molhadas ainda foi para a praça que havia ido antes, estendeu
as roupinhas e sentou para ler, uma moradora de rua nata! Conheceu até outra
moradora, a Lola, que ouviu descrente a historia de Alice. Depois que as roupas
secaram foi logo indo para o tal campinho, parou puxou papo com um Paraibano
numa lojinha, isso fazia tão bem para querida professora Poli, pegou mais
informação e foi para uma costureira paraibana também, ficou um tempo ouvindo
ela por causa do sotaque da sua terra mas logo foi com a filha da costureira
procurar mais pelo Cicero por aquelas ruas.
205 – 245: De
bairro em bairro ia Alice, as vezes trazendo a tona Cicero e as vezes não, além
de Lola conheceu Arturo que falava basicamente portunhol, se divertia com ele.
De rua em rua, voltava para rodoviária ou parava em algum canto e dormia com
sua “manta” de plástico, uma vez foi pega por Lola e descobriu que ela tinha
casa mesmo, caindo aos pedaços mas era uma casa, então além da rodoviária,
pronto-socorro ela dormia na casa de Lola. Conheceu vários moradores de rua
nessa aventura, Giggio um menino que o pai colocou para fora de casa porque
queria ser artista, várias historias pela rua. Recebeu noticia de um dos dormitórios,
que havia um paraibano que tinha virado travesti, recebeu a indicação de uma
casa de swing e foi lá verificar, nada.
Longe,
nem sabia exatamente onde estava deu-se em um mato a noite, viu poças de sangue
iluminando com o celular e em vez de fugir as seguiu, encontrou um morto,
Cicero talvez? ou não, catou um celular que estava ali jogado, provavelmente do
morto. Em vez de sair correndo continuou ali até a bateria do celular acabar,
então veio o medo e saiu correndo sem folego. Na manhã seguinte continuou
rondando, foi para rodoviária, seu medo veio a tona, sem saldo, foi para Lola e
ficou esperando no portão sentada, não tinha para onde ir, Lola a viu nessa
situação e deu-lhe uma bronca “Tu não é daqui, volta pra tua casa, pra tua
filha, pro teu futuro neto, vai passar a noite aqui mas de manhãzinha tu vais
pro teu apartamento”, e assim foi.
Ligou
para Elizete para saber o endereço de sua casa que ela nem ao menos sabia, e
foi, esse foi o fim da sua aventura, apenas trancou o caderno da Barbie em
alguma gaveta.
Análise/opinião:
O que é “Quarenta Dias”? Bem, se
você leu o resumo você já tem ideia, mas o que Alice viveu, você percebeu? O
abuso familiar, a famosa chantagem emocional feita por seus familiares para que
ela largasse a sua vida lá na Paraíba a força e fosse para Porto Alegre, no sul
ela descobre uma forte migração nordestina que ela nem ao menos sabia que
existia, a pobreza, apesar de ter seu apartamento, as aposentadorias, Alice
saiu em sua aventura e ficou vivendo basicamente como uma moradora de rua, comia
e dormia mal e era mal vista pelas outras pessoas por como estava vestida. A
querida professora Poli conheceu várias historias nesse caminho de moradores de
rua reais, se questionando constantemente do porquê ela estar fazendo isso.
É um livro bem rápido de ser lido
com suas 245 páginas, tem uma escrita que te trás para bem perto você se sente
aconchegado lendo, os capítulos não tem títulos, tem pequenos poemas acima do
capitulo e sempre de uma passada a outra tem algum bilhete, folheto, algo que
Alice catou da rua. Com várias referencias a “Alice no país das maravilhas” e a
conversação de Alice com o caderno da Barbie constantemente os momentos de “vida
real” em que ela não está narrando sua aventura no pequeno caderno que veio sem
motivo com a mudança, talvez ela houvesse batido o pé para pelo menos poder
decidir alguma coisa.
Até a próxima!