quarta-feira, 12 de abril de 2017

Quarenta Dias (Resumo/Análise)


Resumo:

1 – 34: O livro começa um tanto confuso, indo de um assunto a outro, até que Alice (Ou professora Poli) a protagonista da nossa historia decide começar a contar onde tudo começou (tudo escrito em um caderninho abandonado da Barbie, já amarelado), morando em João Pessoa normalmente até sua filha Norinha decidir se mudar com seu marido para Porto Alegre, mas há um porém, Norinha quer ter um filho, mais de um na verdade, mas com a carreira tão difícil de ser conseguida e não podendo arriscar queria que sua mãe se mudasse para Porto Alegre para cuidar da cria por ela.
                Alice no começo é um tanto quanto relutante, Norinha desconta todas as suas frustrações de quando era criança em sua mãe de forma cruel depois age como se nada tivesse acontecido, mas secretamente vai moldando os parentes para que falem a sua mãe sobre Porto Alegre. Norinha vai para Porto e telefona vez em quando para Alice, sem insistir no assunto, até que chega o final do ano e ela vai para João Pessoa, a parentada toda se junta na casa de Alice, era Rio Grande do Sul para cá e para lá, até que enfim, Alice cede, meio contrariada, mas cede.
37 – 69: Os últimos tempos de Alice em João Pessoa, emburrada para variar, Elizete ajeitando as
coisas, vendendo até roupas que segundo ela eram do século passado, enquanto Norinha lá em Porto Alegre arrumava um apartamento para sua Mainha, mais do seu jeito do que do jeito da querida professora Poli.
                O desejo era que Alice fosse para Porto Alegre já nas férias de Julho mas, devido ao frio do sul, bateu o pé e disse que só iria depois do inverno, passagens compradas para 22 de Setembro, pobre Alice. Já em Porto Alegre um tanto quanto ressabiada mas estava lá não é mesmo? Em seus primeiros dias nem queria saber de sair, lá pelo terceiro dia decidiu ir apenas sacar um dinheirinho e logo voltou para casa, tentando não ser vista pelo porteiro do prédio e tirando o telefone do gancho, queria paz. Dando-se conta que limpar aqueles moveis modernos ia ser um tanto quanto trabalhoso decidiu contratar uma diarista, pediu para o porteiro lhe indicar alguma e aguardou, logo veio uma loira para avaliar, Alice tentou fazer várias perguntas mas a loira nem abria a boca, por fim disse que não ia dar não e saiu, rapidamente. Pouco depois o porteiro ligou no interfone e avisou que ia subir outra diarista, uma mulata, brasileirinha que nem Dona Alice, ia aceitar de certeza, era Milena.
                Alice e Milena se deram muito bem, estava se sentindo até mais em casa, historia triste de Milena, ela, seu marido e os filhos pequenos vieram da Bahia por causa de uma proposta de emprego, mas acabaram sendo deixados para lá e o marido se afundou no álcool, Milena estava dando duro como podia, era diarista todos os dias da semana para poder colocar comida na mesa.
73 – 93: Alice foi levada por sua filha a conhecer a grande casa nova, parecia a mesma casa de Alice só que maior segundo ela, passou a visita inteira calada apenas concordando e provando todas as comidas que sua filha colocava na mesa, quase indo embora Norinha e seu marido soltam a bomba, iam para a Europa passar no mínimo 6 meses lá a estudo, Alice ficou em choque, parou de ouvir o que falavam, saiu correndo o mais rápido que pôde e foi para casa, não atendia o telefone nem nada, adormeceu.
                Sonhou com uma vez que estava no dentista e ouviu na TV sobre a TPM e ficou puta da vida com tanta baboseira que ouviu, antigamente em vez de TPM se chamava malcriação mesmo. Acordou com o interfone, o porteiro disse que o vizinho estava ouvindo vários xingamentos vindo do apartamento de Alice, inventou que dormiu com a TV ligada, então havia xingado para os 4 cantos após a noticia da sua filha?
                Alice de dia desceu o elevador e disse que iria viajar para o porteiro, para que avisasse sua filha, voltou pelo outro lado e foi para seu apartamento normalmente para se isolar do mundo e assim ficou por um tempo até que o telefone tocou, era Elizete, a amiga de Elizete Socorro precisava de uma ajudinha, seu filho Cicero Araújo tinha se mudado para Porto Alegre fazia um tempo para trabalhar numa construtora, ligava toda semana para sua mãe para dar noticias, mas depois que a obra acabou ninguém mais ouviu falar dele, Socorro queria que Alice fosse ir dar uma procurada por ai, principalmente na Vila Maria Degolada que era onde ele morava, por que não? Alice não tinha nada de melhor para fazer mesmo.
95 – 123: Decidida a procurar por Cicero Araújo saiu disfarçadamente do seu apartamento para que nem o porteiro a visse, saiu andando meio sem rumo já que não sabia onde ficava a Vila Maria Degolada, porém, depois que se afastou um tanto do seu ponto inicial parou para comer em um balcãozinho, aproveitou e pediu informação para o idoso que a atendeu, estranhou como se referem as ruas no sul “as ruas são todas andróginas aqui” segundo ela, quando chegou na Vila Maria Degolada e foi perguntar em alguma casa se estava mesmo lá começaram a falar da Santa da vila, a capelinha que fica lá no topo, a menina saia para levar comida pro pai no quartel todo dia, um soldado queria fazer coisas com ela mas ela sempre recusava, até que um dia ele se enfezou, cortou a cabeça dela e fez o que queria fazer, descobriram um tempo depois e a menina virou santa, ganhou capelinha e o povo ia lá fazer promessa, Alice já meio confusa com a historia toda começou a falar de Cicero, notou que historia de mãe desesperada rende ouvidos, uma das moças já a puxou para subir mais o morro e ir perguntando de Cicero de porta em porta, a historia sempre ia se tornando mais dramática. Depois de uns tempos buscando na Vila da Maria foi informada que ali ela não iria achar não, tinha que ir lá pra Vila João Pessoa pra ver se encontrava algo por lá, já era lá pra 4 da tarde de uma jornada que tinha começado de manhãzinha, mas por que não? Tudo o que Alice menos queria era voltar para o seu apartamento nesse momento.

127 – 153: Chegando na Vila João Pessoa foi logo para onde a indicaram, sem sucesso, não deixou de rodar pela Vila, mendigos, passo apertado, foi em uma floricultura que haviam indicado porque lá trabalhava uma moça que era lá da região de cima, com isso descobriu que para achar Cicero nesses abrigos de obra ela ia precisar do apelido dele, por nome não conheciam ninguém não. Continuou rondando e achou um abrigo, perguntou de Cicero, mesma resposta: Precisava do apelido, mas recebeu a noticia que recentemente um menino de obra havia se acidentado, próximo destino? O pronto-socorro , pegou o ônibus, bateu papo enquanto ia para lá, porém, mais uma vez frustrada no pronto-socorro, sem nada sobre Cicero Araujo, ligaram até para outros locais de atendimento, nada.
157 – 179: Alice passou a noite lá mesmo, pela manhã foi para uma padaria quase arrumou briga com
o atendente por não saber que cacetinho no Rio Grande do Sul é pão, os dois riram bastante e a querida professora Poli tomou seu café da manhã, de volta na Vila João Pessoa começou a rondar, foi em uma loja de 1,99 comprou vários livros e uma mochilinha infantil para carregar os livros, parou em uma praça para folhear, passou um tempo lá observando a natureza. Cansou, começou a rondar mais e parou em um sebo, não parou para procurar livros simplesmente se sentou em uma mesinha que havia lá e começou a ler os que já trazia na mochila, ficou lá até tarde da noite saindo junto com o estabelecimento fechando, saiu a procura de um lugar para dormir, entrou em um motel sem querer, cansada, não tinha R$40 para poder dormir no motel, foi embora.
183 – 204: Poli foi andando já sem rumo pela rua, leu umas placas de percebeu que havia uma rodoviária por perto, deu seu jeito para chegar lá, achou tudo muito lindo, mas precisava arrumar algumas coisas: Roupas intimas novas, um banho de rodoviária e comer alguma coisa de verdade que não fossem lanchinhos de rua. Resolveu tudo isso sacando dinheiro em um caixa eletrônico, nem ao menos olhou o saldo, na última parada, comer, notou que a atendente era Paraibana também, já conseguiu mais uma pista para achar Cicero, ir em um campinho de futebol, mas já estava muito tarde... Se encostou em um canto da rodoviária e dormiu lá mesmo.
                Com as roupas anteriores molhadas ainda foi para a praça que havia ido antes, estendeu as roupinhas e sentou para ler, uma moradora de rua nata! Conheceu até outra moradora, a Lola, que ouviu descrente a historia de Alice. Depois que as roupas secaram foi logo indo para o tal campinho, parou puxou papo com um Paraibano numa lojinha, isso fazia tão bem para querida professora Poli, pegou mais informação e foi para uma costureira paraibana também, ficou um tempo ouvindo ela por causa do sotaque da sua terra mas logo foi com a filha da costureira procurar mais pelo Cicero por aquelas ruas.
205 – 245: De bairro em bairro ia Alice, as vezes trazendo a tona Cicero e as vezes não, além de Lola conheceu Arturo que falava basicamente portunhol, se divertia com ele. De rua em rua, voltava para rodoviária ou parava em algum canto e dormia com sua “manta” de plástico, uma vez foi pega por Lola e descobriu que ela tinha casa mesmo, caindo aos pedaços mas era uma casa, então além da rodoviária, pronto-socorro ela dormia na casa de Lola. Conheceu vários moradores de rua nessa aventura, Giggio um menino que o pai colocou para fora de casa porque queria ser artista, várias historias pela rua. Recebeu noticia de um dos dormitórios, que havia um paraibano que tinha virado travesti, recebeu a indicação de uma casa de swing e foi lá verificar, nada.
                Longe, nem sabia exatamente onde estava deu-se em um mato a noite, viu poças de sangue iluminando com o celular e em vez de fugir as seguiu, encontrou um morto, Cicero talvez? ou não, catou um celular que estava ali jogado, provavelmente do morto. Em vez de sair correndo continuou ali até a bateria do celular acabar, então veio o medo e saiu correndo sem folego. Na manhã seguinte continuou rondando, foi para rodoviária, seu medo veio a tona, sem saldo, foi para Lola e ficou esperando no portão sentada, não tinha para onde ir, Lola a viu nessa situação e deu-lhe uma bronca “Tu não é daqui, volta pra tua casa, pra tua filha, pro teu futuro neto, vai passar a noite aqui mas de manhãzinha tu vais pro teu apartamento”, e assim foi.
                Ligou para Elizete para saber o endereço de sua casa que ela nem ao menos sabia, e foi, esse foi o fim da sua aventura, apenas trancou o caderno da Barbie em alguma gaveta.


Análise/opinião:

O que é “Quarenta Dias”? Bem, se você leu o resumo você já tem ideia, mas o que Alice viveu, você percebeu? O abuso familiar, a famosa chantagem emocional feita por seus familiares para que ela largasse a sua vida lá na Paraíba a força e fosse para Porto Alegre, no sul ela descobre uma forte migração nordestina que ela nem ao menos sabia que existia, a pobreza, apesar de ter seu apartamento, as aposentadorias, Alice saiu em sua aventura e ficou vivendo basicamente como uma moradora de rua, comia e dormia mal e era mal vista pelas outras pessoas por como estava vestida. A querida professora Poli conheceu várias historias nesse caminho de moradores de rua reais, se questionando constantemente do porquê ela estar fazendo isso.
É um livro bem rápido de ser lido com suas 245 páginas, tem uma escrita que te trás para bem perto você se sente aconchegado lendo, os capítulos não tem títulos, tem pequenos poemas acima do capitulo e sempre de uma passada a outra tem algum bilhete, folheto, algo que Alice catou da rua. Com várias referencias a “Alice no país das maravilhas” e a conversação de Alice com o caderno da Barbie constantemente os momentos de “vida real” em que ela não está narrando sua aventura no pequeno caderno que veio sem motivo com a mudança, talvez ela houvesse batido o pé para pelo menos poder decidir alguma coisa.


Até a próxima!
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