Olhos d’água:
Apenas uma indagação a historia inteira “De que cor eram os olhos de minha
mãe?”, nossa narradora relembra de seu passado, principalmente das brincadeiras
quando menina para disfarçar a fome quando não havia comida, mas todos os
momentos que ela relembrava havia o choro de sua mãe, mas de que cor eram seus
olhos? Por fim ela decide visitar sua mãe, seus olhos tem cor de olhos d’água.
Ana Davenga:
Morava na favela com seu homem, Davenga, ele era o chefe, seus comparsas sempre
estavam por ali, certo dia todos entraram e fizeram um circulo em volta de Ana,
mas Davenga não estava ali, onde estava? Nisso podemos lembrar de como Davenga
conheceu Ana em uma roda de samba, ele estava relaxado apesar de ter assaltado
um deputado dias atrás e terem descrito um perfil parecido com o dele em um
assalto a banco, Davenga não fazia assaltos a bancos. Desde o dia que se
conheceram ficaram juntos no morro, Ana só não entendia porque quando Davenga
gozava ele chorava, chorava muito, era doloroso.
Tivera outras mulheres
antes de Ana, uma em especial ele mandou matar, era Maria Agonia, conheceu em
uma visita a prisão para ver um amigo, filha de pastor, estava sempre com a
bíblia, transava com Davenga as escondidas, certo dia ele se encheu, pediu para
que ela largasse tudo e viesse morar com ele no morro, morar com bandido?
Nunca! Davenga se enfureceu, ele não ia sujar as mãos, outro iria.
Ana
estava ficando aflita, não sabia onde seu homem estava, até que de repente ele
apareceu feliz entrando ali no meio, era aniversário de sua mulher, ela ficou
feliz mas ao mesmo tempo mandou todos saírem, precisavam ficar alertas por ali,
então sobrou somente ela e Davenga, estavam começando a transar quando dois
policias invadiram o quarto e mandaram Davenga se vestir, um apontava para Davenga
e outro para Ana que mantinha os braços em volta da barriga tentando proteger
seu bebê. Davenga não queria ir para a cadeia, se fosse sua mulher
provavelmente não sobreviveria, tão pouco sua filha, pegou a arma embaixo da
camisa no chão e atirou no policial, disso saíram quatro mortos, o policial,
Davenga, Ana e sua filha.
Duzu-Querença:
Duzu era uma mendiga que estava por ali nos degraus da igreja, mas nem sempre
foi assim, quando ela veio para a cidade de trem quando menina seus pais
estavam dando duro na vida. Logo seu pai decidiu que ela deveria estudar e
trabalhar ao mesmo tempo, foram conhecer uma moça que empregaria a menina, dito
e feito, porém, Duzu não entedia porque sua patroa não a deixava estudar e nem
ver seus pais mais, seu trabalho era limpar os quartos, antes de entrar ela
deveria bater bem forte e esperar que dissessem que ela podia entrar. Certo dia
para frente Duzu decidiu que iria entrar de supetão nos quartos, sempre via
homens com mulheres, um dia ela viu um homem sozinho, ele a jogou na cama,
rápido ela aprendeu os movimentos do corpo e começou a ganhar dinheiro assim,
certo dia sua patroa invadiu o quarto e viu tudo, se a menina se achava esperta
sua patroa era muito mais, ela não iria mais ganhar dinheiro diretamente, Duzu
ganhou um quarto, não ficou para sempre naquela zona, foi de várias. Ela teve
muitos filhos e alguns netos, os netos visitavam ela de vez em quando, entrou
em desespero quando soube que um deles morreu.
Duzu
sabia que estava chegando sua hora, e foi, foi lembrando de todos os seus
antepassados, Querença uma de suas netas recebeu a noticia assim que chegou da
escola e lembrou de todos também, ela queria ser alguém.
Maria: Ela estava
esperando o ônibus, estava voltando de uma festa que teve na casa da patroa,
havia ganhado as frutas que serviram para enfeitar a mesa e uma gorjeta, tinha
três filhos, será que os meninos iriam gostar de melão? Ao subir no ônibus um
homem acenou do fundo e pagou sua passagem, quando olhou melhor reconheceu que
era pai de seu primeiro filho, conversaram muito, ele mandou um abraço para o
filho, levantou do banco e anunciou o assalto ao ônibus, não assaltou Maria e
desceu do ônibus com seu comparsa. Os outros passageiros começaram a ficar
enfurecidos com Maria, ela conhecia os assaltantes, não havia descido do ônibus
só para disfarçar, começaram a linchar ela... Quando a policia chegou só
existia o corpo da mulher pisoteado no chão, ela queria tanto ter falado para o
menino que seu pai mandou um abraço.
Quantos filhos
Natalina Teve?: Natalina estava feliz, ia parir um filho que era só seu,
não devia nada a ninguém, era sua quarta gravidez. Sua primeira gravidez foi
quando ela era muito nova, foi com o Bilico, os dois descobriram os prazeres do
corpo juntos, mas Natalina não queria esse filho, tomou chás e de nada
adiantou, sua mãe falou que iria levar ela para a Sá Praxedes, a garota sabia
dos boatos, Sá Praxedes comia crianças, então um dia que sua mãe não estava em
casa, fugiu, foi para longe, teve o bebê em um hospital e a enfermeira quis para ela, saiu de lá sem peso na
consciência. Sua segunda gravidez foi com Tonho, quando ele notou a barriga e
ela explicou a situação ele ficou extremamente feliz, queria formar família,
porém, Natalina não queria, ele ficou muito triste com a situação, foi embora
pra sua cidade natal levando o filho que ela não quis. A terceira gravidez foi
para seus patrões, ela era faxineira de um casal que a mulher não conseguia de
jeito nenhum engravidar, ela era muito parecida com Natalina então ia passar
despercebido, a moça aguentou mais essa gravidez. A sua atual gravidez foi
forçada, Natalina foi estuprada no meio do mato, depois do ato o homem caiu
sonolento, como estava de noite e escuro ela não conseguiu vê-lo direito, mas
encontrou a arma, atirou nele e fugiu, fugiu com o filho que ela não devia a
ninguém.
Beijo na face: Uma
descrição longa sobre carinho, um carinho que tinha que ser guardado as 7
chaves, Salinda tão acostumada com o mostrar, precisava esconder desta vez.
Tinha filhos, o marido a vigiava, queria acabar com o casamento mas não sabia
como com as ameaças do marido. Seu ponto de fuga era ir para a casa da Tia
Vandu com as crianças, depois que as crianças dormiam ela podia ter o seu
momento. Em determinado retorno de viagem o marido não estava em casa e não foi
busca-la na rodoviária, recebeu uma ligação depois contando que ele já sabia de
tudo, que não adiantava esconder, não ia mata-la mas ia disputar os filhos, com
certeza. Agora ela poderia amar uma mulher?
Luamanda: Uma
mulher de muitos amores e sempre com a lua a acompanhando, teve 5 filhos, 3
mulheres e 2 homens, amou muitas pessoas, compartilhou seu corpo com várias
pelo prazer do gozo, transou com mulheres também, inicialmente sentiu falta de
um pênis ereto, porém, o prazer foi tanto que nem lembrou mais. Ninguém lhe
dava mais do que 35 anos, e eram raros os que chegavam perto dessa idade ao
olhar para ela, estava extremamente conservada apenar dos fios brancos que iam
surgindo, até os colocou em destaque.
O cooper de Cida:
Cida era uma moça que vivia correndo, não só literalmente, era com tudo, desde
criança na cidade onde morava que as pessoas faziam tudo numa lerdeza, ela
queria fazer rápido, apostar corrida com as outras crianças, brincadeiras
rápidas, ouvir o narrador futebol lhe passava tranquilidade, logo quando
cresceu conseguiu se mudar para o Rio, lá tudo era corrido, as pessoas faziam
tudo rápido, era tudo que ela queria. Até que um dia em uma das suas corridas
matinais na praia ela parou, realmente parou, tirou os tênis, afundou os pés na
areia e admirou o mar, por instantes achou tudo muito monótono, depois foi se
acostumando e admirando tudo ao seu redor, o rosto das pessoas por qual ela
passava todos os dias mas nunca havia olhado direito, perdeu muito tempo nisso,
em vez de correr voltou devagar para
casa, seu amigo Pedro estava esperando ela assustado, como ela estava tão
atrasada para ir trabalhar? Ele falava, falava, falava, Cida não estava
prestando atenção, no final apenas disse, pode ir, não vou trabalhar hoje, vou
dar um tempo para mim.
Zaíta esqueceu de
guardar os brinquedos: Zaíta morava
na favela junto com sua irmã gêmea Naíta, seus dois irmãos e sua mãe Benicia, a
vida era difícil, um dos seus irmãos estava metido com os tiroteios para
garantir território mas disso ela não entendia, só queria brincar e olhar suas
figurinhas, certo dia sua figurinha de menina flor havia sumido, havia sido sua irmã que sempre tentava trocar com
ela? Ela não sabia, procurou por tudo e não achou a figurinha nem sua irmã,
saiu na rua para tentar encontrar, quando sua mãe notou a falta das duas foi
procurar pela casa, tropeçou nos brinquedos que Zaíta tinha deixados jogados em
vez de guardar, Benicia ficou estressada, começou a gritar, Naíta voltou
correndo para casa, foi recebida com tapas e mandada ir procurar sua irmã, a
menina foi.
Zaíta longe dali ainda procurando
sua figurinha flor, nem se deu conta que havia começado um tiroteio, os
moradores assustados falaram para ela se esconder em algum barraco por ali, a
menina não deu ouvidos. Quando o tiroteio acabou haviam vários corpos pelo
chão, o de Zaíta estava entre eles, quando sua irmã chegou perto ainda aflita
apenas gritou “Zaíta, você esqueceu de guardar os brinquedos!”
Di lixão: Acordou
com uma dor de dente, uma bola de pus dentro da boca doía, seu colega de espaço
foi olhar mas Di lixão acabou cuspindo na cara dele, levou um chute no saco. O menino
deitou em posição fetal, doía o dente, doía o saco, as dores se tornavam uma
só. Lembrou de sua mãe, ele odiava aquela puta, sabia quem tinha matado mas
negou na policia, o que isso tinha a ver com ele? Deu vontade de mijar, lembrou
que quando mijava nas calças sua mãe ficava enfurecida, uma vez ficou tão brava
que puxou a bimbinha dele, e aquilo doeu, tanto quanto estava doendo agora. Em
determinado momento arranjou forças para levantar e ir mijar, se assustou,
estava mijando sangue, apertou a bola dentro da boca, cuspia pus e sangue,
voltou a posição fetal na rua, acharam que o menino havia morrido, a policia
chegou, Di lixão estava morto.
Lumbiá: Vendia
chicletes e amendoim junto com a irmã na rua para ajudar a mãe, mas Lumbiá
gostava mesmo era de vender flores, a mãe não gostava, flor encalhada murchava
e dava prejuízo, mas era uma diversão pra Lumbiá, oferecia para os casais assim
que acabavam de se beijar, e para os casais LGBT’s não tão expressivos assim
mas ele preferia estes em vez dos beijos molhados que via dos outros casais,
ficava feliz vendendo flores junto com seu amigo Gunga. Adorava a época do
natal, mas o que ele gostava mesmo dessa época era de ver os presépios, ia em
todas as lojas apenas para ver, mas naquele ano uma loja em especial disse ter
feito o maior e mais bonito presépio, mas a entrada de crianças desacompanhadas
estava proibida, o segurança não deixava Lumbiá entrar de jeito nenhum, certo
dia o segurança não estava na porta, o menino entrou rapidamente e correu para
ver o Jesus menino, chegou tão perto, até o pegou no colo, saiu correndo da
loja com o Jesus menino nos braços, o segurança viu e foi atrás dele mas Lumbiá
foi direto nos carros, amassado ele e o Jesus menino, Lumbiá morreu!
Os amores de Kimbá:
Morava na favela com a família, odiava, principalmente quando chovia, o barro e
a bosta se misturavam, odiava o cheiro da favela, seus amigos não eram de lá,
ele descia o morro e ia ter com eles, sempre era ouvido, ele era o diferente no
meio. Um dia seu amigo Gustavo lhe apresentou Beth, os três transaram, Kimbá
inicialmente ficou assustado, porque seu amigo havia lhe tocado? Ele era gay?
Se precisasse escolher, escolheria Beth, Kimbá preferia a mulher mas não queria
magoar o amigo, e assim se sucederam vários dias, o amor dos três. Kimbá
gostava de Beth, Beth gostava de Kimbá e Gustavo gostava de Kimbá. Certo dia
chegaram em um veredito, os três morreriam em nome do amor dos três, Kimbá
chegou no apartamento, ofertou o primeiro copo a mulher, o segundo copo ao
amigo, relutante tomou sua porção e deitou no meio dos dois.
Ei, Ardoca: Desde
que estava na barriga de sua mãe ouvia os barulhos do trem, o empurra-empurra,
os solavancos, os assaltos, assassinatos, odiava, cresceu, ia trabalhar de trem,
odiava essa vida, cada dia passava e ficava mais e mais pesado, certo dia
sentou no chão do vagão, respirava fundo, foi ficando pior, uma mulher comprou
água para tentar anima-lo, estava quase saindo de si, entrou um homem gritando “Ei,
Ardoca” o pegou no colo e colocou em um banco da estação deitado, os outros
passageiros observaram e quando viram Ardoca estava sendo assaltado, o homem
levava tudo que podia do corpo de Ardoca, mas isso não tinha mais importância,
mais cedo no trabalho ele havia tomado um veneno, estava decidido a acabar com
tudo isso e morrer no trem.
A gente combinamos de
não morrer: Dorvi e Bica, vida complicada, acabara de nascer o filho dos
dois, a mãe de Bica e Idago esperava um futuro melhor pra filha, o filho morreu
cedo, bobeou no morro, Bica não sabia se tinha alguma outra opção, Dorvi levou
um calote, ia atrás do cara até o quinto dos infernos porque sabia que iam vir
atrás dele também, a gente combinamos de não morrer, mas a vida as vezes tem
dessas. E Bica? Bica escreve, escrever é um jeito de sangrar.
Ayoluwa, a alegria do
nosso povo: A vila estava numa tristeza profunda, não queriam mais saber de
viver, os mais velhos iam morrendo, os mais jovens iam dando um jeito de matar,
as poucas crianças que tinham na vila choravam mas seus pais na sua própria tristeza
não davam atenção aos seus rebentos, não nasciam mais crianças por lá. Até que
uma das moças jovens da vila anunciou que estava gravida, ela ia parir uma nova
vida para aquela vila. Desde então eles se animaram, festejaram, uma vida
estava a caminho, Ayoluwa nasceu, não para trazer a salvação, mas para lembrar
os moradores dali sobre o valor da vida.
Análise/Opinião:
Olhos d’água
é um livro com várias historias extremamente tristes poucas que não terminam em
desgraça, mas que se você prestar atenção elas são reais, todo dia há uma nova
noticia de morte, quem garante que uma dessas historias não é a exata historia
de alguém vivo por ai? São pesadas, mas reais, Conceição fala do povo negro,
com referencias ao “Ventre Livre”, quantas Zaítas, Cidas, entre tantos outros
personagens devem existir pelo mundo? Quantos mais vão ter que morrer?
Até a próxima!
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