“O
Cemitério dos Vivos” é um livro doloroso, é o retrato de algo que não mudou
muito, o quanto nós afastamos os nossos próximos quando estão com algum
problema psicológico? Fechamos os olhos e fingimos que não vimos.
Este
livro é uma parte da vida do escritor Lima Barreto, mas que no mesmo se
denomina Vicente Mascarenhas, ele narra duas idas ao hospício, sendo que na
primeira passou muito pouco tempo e na segunda chegou a pensar que se mataria
se voltasse a ser mandado para o hospício, não era de uma loucura extrema, mas às
vezes se entregava ao álcool e acabava sendo recolhido caído na calçada,
vergonha. Boa parte do tempo tentava passar lendo na biblioteca ou no seu
quarto, em ambos ele acaba tendo que migrar devido aos outros pacientes ficarem
o perturbando, falando neles, tentavam conversar e alguns claramente estavam
mentindo, todos com níveis de doentes diferentes, alguns vagavam pelo hospício e
só tinham poucos episódios de loucura já outros chegaram até a jogar coisas do
telhado nas pessoas que passavam na rua, Vicente os observava atentamente, lia
jornais e fumava seu cigarro, não sabia quanto tempo ficaria por lá.
Lembrava-se
da sua vida fora do hospício, onde morou, da sua falecida esposa que enquanto
viva ele nunca a entendeu, nunca parou para admira-la de verdade, só foi
entender tudo depois que ela já havia morrido, se arrependeu e muito. Teve um
filho com ela mas não sentia orgulho, o pequeno nada aprendia e desandava de
chorar quando tentavam lhe ensinar, até as professoras falavam que ele era
muito bonzinho mas não entediam porque o menino não aprendia, Mascarenhas se
sentia incapaz.
Quem
foi “Lima Barreto”?
Afonso Henriques de Lima Barreto, nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1881.
Teve uma infância difícil, pois, perdeu a mãe cedo e seu pai logo apresentou
problemas psicológicos. Foi apadrinhado pelo ministro do império, Visconde de
Ouro Preto, o que o fez estudar em escolas de grande desempenho, acabou
ingressando na Escola Politécnica, mas acabou tendo péssimas notas e
eventualmente desistindo por causa dos problemas de saúde do seu pai, precisava
cuidar dele, dos seus irmãos além de financeiramente. Em 1903 já estabilizados
vira concursado na Secretaria de Guerra e aí começa sua jornada na imprensa. Sua
primeira obra foi “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” e a sua mais
aclamada foi “Triste fim de Policarpo Quaresma”, logo após é a fase de “O
Cemitério dos Vivos”, depois do tratamento, aparentemente curado ele retorna as
suas atividades rotineiras, mas com o retorno dos episódios psicológicos ele
decide se aposentar por invalidez. Lima morre no dia 01 de novembro de 1922 por
problemas cardíacos.
Texto em áudio:
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Até a próxima!
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