sábado, 14 de dezembro de 2019

Observar

Foto do Dan Gold do Burst

Eu não posso
Fazer-te ver com os meus olhos
Sentir com a minha pele
Pensar com meu cérebro
A vida não nos deu essa opção, imagine quantos problemas seriam solucionados se pudéssemos fazer isto? Entender o outro nunca teria sido tão fácil, quem sabe com uma dadiva dessa não existiria racismo, homofobia, machismo, você machucaria alguém que você acabou de sentir tudo como ele?
         Observar como o ser humano se comporta é uma das tarefas mais fascinantes que você pode ter, você nunca sabe como exatamente alguém vai se portar diante de alguma situação até coloca-lo nela, suposições existem mas não passam confiança. Você pode imaginar da situação mais básica como aquele seu amigo que paga de pegador pra cacete para uma mais complexa de como uma pessoa se portaria em uma situação de sobrevivência, em nenhuma das duas você tem certeza dos resultados até visualizar.
         Dado o conceito, você já observou como as pessoas lidam com os próprios sentimentos? Seria ridículo dizer que existe só uma forma de lidar ainda mais considerando como somos complexos. Existem pessoas que desabam um dia inteiro o máximo possível e no outro estão completamente perfeitas como se nada tivesse acontecido, é uma descarga emocional interessante já fiz algumas vezes e recomendo se for possível para você. Outras pessoas têm os seus momentos aos poucos, um chá às 15h e um desabar de tanto chorar às 16h, talvez uma Netflix às 19h. Um grupo que eu queria ser, mas que não me parece muito saudável é o das que engolem o que estão sentindo e você não vê uma singela reação.
Talvez em 1 milhão de anos
Nós teremos harmonia o suficiente
Sem precisar de superpoderes
Para conviver com o outro
Sem graves desgastes emocionais.

Texto em áudio:


Até a próxima!



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sábado, 9 de novembro de 2019

Queer as Folk


                Estou escrevendo esse texto no comecinho de maio (Para vocês verem que tem texto que às vezes eu escrevo em um ano e publico no outro) e eu terminei de assistir “Queer as Folk”, sim, uma série lançada em 2000 eu tinha 1 ano na época e hoje em dia eu tenho 20, é uma série LGBT mais focada no G mas com uma certa frequência no L, definitivamente é uma série que você provavelmente não se sentiria confortável de assistir com a sua família, não porque é LGBT mas do nada vai pular uma cena de sexo pesado na sua cara, principalmente se falarmos de Brian.
                Brian é meu personagem favorito da série, ele simplesmente não se importa com o que você tem a dizer, ele é o Brian e faz o que der na telha, o egocentrismo dele é cativante e não deixa a desejar, claro, dependendo do seu ponto de vista você pode achar ele um grande filho da puta, mas eu gosto de acompanhar personagens assim e falar da evolução dele durante a série seria um grande spoiler ainda mais que a quase grande mudança dele na ultima temporada seria um choque para quem estiver assistindo a primeira.
                Justin é o artista/par romântico de Brian na série, pode se dizer que os dois possuem um relacionamento bem aberto, o que acaba sendo um problema para Justin ao decorrer da série porque talvez não seja exatamente isso que procura para o resto da vida. Tirando seu drama com Brian, boa parte do seu desenvolvimento é focado na sua parte profissional que são seus desenhos que chega até a expor na galeria que Lindsay trabalha e a sua revista em quadrinhos feita juntamente com Michael.
                Lindsay juntamente com Melanie é a parte forte do L nessa trama, retrata a dificuldade que pais LGBTs enfrentam em ter filhos, a visão das pessoas de fora com essa decisão e seus pais não reconhecendo o relacionamento de dez anos das duas. É uma relação que sofre diversos problemas durante a série, até mais graves do que os de Brian e Justin. Outras participações fortes de Melanie é ela atuando como uma advogada excepcional, chegando quase a ser útil até mesmo para Brian que vive brigando.
                A série tem muitos personagens interessantes que são principais ou não, eu escrevi sobre os que eu mais gostei de acompanhar não que eu também não tenha amado os outros temas que a série tenha abordado com os outros, inclusive um que engloba todos os personagens que foi uma quase eleição de um presidente homofóbico que iria dificultar muito a vida dos LGBT, chegando até a ter sua campanha feita por Brian, mas depois de notar que seria extremamente prejudicial até mesmo para si, Brian faz de tudo para derrubar a popularidade do quase presidente, como estamos falando de ficção o péssimo presidente não chega a se eleger, sabemos que na vida real obtivemos resultados diferentes que estão nos afetando até hoje.

Texto em áudio:



Até a próxima!
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sábado, 26 de outubro de 2019

Os Milagres do Cão Jerônimo / Alçapão para Gigantes


            Antes de tudo um pequeno contexto: Quem é Péricles Prade?
Péricles Prade nasceu em Rio dos Cedros, Santa Catarina, a 7 de maio de 1942. Escritor (poeta, contista, historiador, crítico Literário e de artes plásticas), advogado e professor universitário. Escreveu mais de sessenta obras nos campos da poesia, ficção, história, filosofia, literatura e artes plásticas. Pertence a inúmeras entidades culturais estrangeiras, nacionais e estaduais.

            O livro em questão como você pôde ver no titulo é o “Os Milagres do Cão Jerônimo / Alçapão para Gigantes” são contos extremamente fantasiosos puxados para o surrealismo, sem uma narrativa logica em boa parte, é basicamente algo que você poderia acabar sonhando em um dia qualquer e acordaria pensando “Nossa, como minha mente chegou a este ponto?”. Na primeira parte temos uma criança com olhos de abelhas ferozes, cavalos voadores que não deveriam se exibir, “cantoras” paraliticas, narrativas religiosas, sapatos como aquário-cidade, dentaduras com vida própria, peixes suicidas, monges pedófilos, animais, punhais, tapetes, prostitutas, tatus com catarata, pernas azuis e por fim um cão que cospe fogo.

Alçapão para Gigantes

            Segue a mesma linha de contos fantasiosos, possui alguns mais longos do que da primeira parte como um unicórnio de asas sendo mantido em uma jaula de vidro adequada a seu crescimento, mas se eu contar tudo que tem nesta parte que graça vai ter para você?

Texto em áudio:



Até a próxima!

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sábado, 14 de setembro de 2019

“O Cemitério dos Vivos”

            “O Cemitério dos Vivos” é um livro doloroso, é o retrato de algo que não mudou muito, o quanto nós afastamos os nossos próximos quando estão com algum problema psicológico? Fechamos os olhos e fingimos que não vimos.
            Este livro é uma parte da vida do escritor Lima Barreto, mas que no mesmo se denomina Vicente Mascarenhas, ele narra duas idas ao hospício, sendo que na primeira passou muito pouco tempo e na segunda chegou a pensar que se mataria se voltasse a ser mandado para o hospício, não era de uma loucura extrema, mas às vezes se entregava ao álcool e acabava sendo recolhido caído na calçada, vergonha. Boa parte do tempo tentava passar lendo na biblioteca ou no seu quarto, em ambos ele acaba tendo que migrar devido aos outros pacientes ficarem o perturbando, falando neles, tentavam conversar e alguns claramente estavam mentindo, todos com níveis de doentes diferentes, alguns vagavam pelo hospício e só tinham poucos episódios de loucura já outros chegaram até a jogar coisas do telhado nas pessoas que passavam na rua, Vicente os observava atentamente, lia jornais e fumava seu cigarro, não sabia quanto tempo ficaria por lá.
            Lembrava-se da sua vida fora do hospício, onde morou, da sua falecida esposa que enquanto viva ele nunca a entendeu, nunca parou para admira-la de verdade, só foi entender tudo depois que ela já havia morrido, se arrependeu e muito. Teve um filho com ela mas não sentia orgulho, o pequeno nada aprendia e desandava de chorar quando tentavam lhe ensinar, até as professoras falavam que ele era muito bonzinho mas não entediam porque o menino não aprendia, Mascarenhas se sentia incapaz.


Quem foi “Lima Barreto”?

Afonso Henriques de Lima Barreto, nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1881. Teve uma infância difícil, pois, perdeu a mãe cedo e seu pai logo apresentou problemas psicológicos. Foi apadrinhado pelo ministro do império, Visconde de Ouro Preto, o que o fez estudar em escolas de grande desempenho, acabou ingressando na Escola Politécnica, mas acabou tendo péssimas notas e eventualmente desistindo por causa dos problemas de saúde do seu pai, precisava cuidar dele, dos seus irmãos além de financeiramente. Em 1903 já estabilizados vira concursado na Secretaria de Guerra e aí começa sua jornada na imprensa. Sua primeira obra foi “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” e a sua mais aclamada foi “Triste fim de Policarpo Quaresma”, logo após é a fase de “O Cemitério dos Vivos”, depois do tratamento, aparentemente curado ele retorna as suas atividades rotineiras, mas com o retorno dos episódios psicológicos ele decide se aposentar por invalidez. Lima morre no dia 01 de novembro de 1922 por problemas cardíacos.

Texto em áudio:



Até a próxima!


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sábado, 10 de agosto de 2019

Um Útero É do Tamanho de um Punho (Resumo?)


Suas emoções já se reviram só por ler o titulo “Um Útero É do Tamanho de um Punho”, você sabe que esse livro vai mexer com você de alguma forma, boa ou ruim. Não há uma historia em si para que eu possa resumir, eu teria que resumir a vida da mulher, brasileira ou de boa parte do mundo? Algumas vezes argentina.
Você é uma mulher limpa ou uma mulher suja? A mulher limpa é a mulher boa, a gorda incomoda principalmente se estiver bêbada. O que você quer com essa roupa além de chamar a minha atenção? Com certeza só pode ser isso. Porque as mulheres ficam em casa cuidando dos filhos, mas as mulheres também voltam tarde dos seus trabalhos.
A crítica aos papeis de gênero está mais do que clara nas mãos de Angélica, seria desonesto dizer que não, um pequeno toque LGBT+ porque seria impossível falar de mulheres fielmente sem tocar nesse assunto também, quem entendeu, entendeu, quem não entendeu leia novamente.

diz-me com quem te deitas


Eu preciso escrever mais alguma coisa ou você vai descobrir sozinho?

Até a próxima!
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sábado, 13 de julho de 2019

As vezes eu queria desistir de tudo


Posso me levantar todos os dias e ver o sol brilhando, meus animais felizes correndo pelo quintal enquanto fervo o chá, mas isso tudo faz sentido? Se você abrir qualquer fonte de noticias a proporção de ruins para boas é extremamente maior, vale a pena viver sendo indiferente a tudo que está acontecendo? Por quanto tempo nós conseguimos?
Podemos ser otimistas e pensarmos que tudo vai ficar bem, eventualmente os problemas serão resolvidos apesar da demora e a clara exclusão como algumas fatalidades são tratadas. Ignore tudo que está acontecendo ao redor do mundo, realmente podem não estar ao seu alcance considerando toda a merda politica sendo jogada no ventilador, mas existe algo que esta no seu alcance e provavelmente também está em crise: Você.
Você está fazendo o que gosta ou apenas acordando e gastando seu tempo olhando as redes sociais para o tempo passar mais rápido? Eu não sou um ser humano perfeito, você também não, eu faço isso e já pensei inúmeras vezes em excluir todas ou quase todas, talvez isso me desse ironicamente uma liberdade maior, mas eu aguentaria ou entraria em uma crise ainda maior? Existem inúmeras coisas que eu gostaria de aprender ou que eu preciso aprender, mas elas acabam sendo empurradas para longe enquanto a minha cabeça decide que talvez eu não possa compreender e seja melhor ficar parada mesmo, talvez eu não mereça. Quem sabe eu esteja gastando o meu, o seu tempo com as minhas próprias angustias que eu deveria aprender a lidar em vez de escrever sobre elas, ou quem diria, essa seja a minha forma de lidar com elas?
Querendo ou não, tudo que eu escrevo faz parte de mim de alguma forma, pode já não fazer mais, mas em algum momento fez, em algum momento pode ter sido tão doloroso que eu só escrevi na esperança que passasse na esperança de distrair a minha cabeça, às vezes escrever pode só aumentar a intensidade dos pensamentos, mas pode te deixar mais leve também.
Eu cresci no mundo digital e pode se dizer que passo a maior parte do tempo nele, não vamos negar que atualmente se você tem um celular você consegue ler livros, ver vídeos, filmes, series, escutar musicas, ler noticias, jogar, estudar,  criar projetos, entre outras coisas sem ao menos trocar sua ferramenta, você só precisa de alguns toques, eu me pego pensando se essa facilidade é saudável  ou se me faz mais mal do que bem.
Ao voltar alguns textos você poderá ver que uma das piores experiências da minha vida foi trabalhar com telemarketing, mas eu estaria mentindo se falasse que não passou pela minha cabeça que talvez fosse mais benéfico que eu tivesse me mantido na função ou se seria prejudicial igualmente, talvez outro trabalho seja ideal, mas ao mesmo tempo posso ter um conflito mental de que preciso de tempo para outras coisas e caso trabalhe não terei tempo ou animo para fazer essas outras coisas.
Às vezes viver é uma droga e eu já pensei inúmeras vezes em desistir de tudo, mas eu continuo aqui.


Até a próxima!
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sábado, 8 de junho de 2019

A Melhor Companhia Que Você Vai Ter é a Sua

Foto de Matthew Henry do Burst

Hoje em dia nós vemos muitas pessoas dependentes de outras como se fosse algo totalmente normal, não é. Você é um ser humano único que não precisa viver grudado em um cara ou garota, relacionamentos são lindos se a sua saúde mental está ok.
                Ninguém esta aqui para dizer como você deve viver o seu relacionamento, aberto, fechado, um poliamor... E sim: Calma meu anjo. Você já apreciou a sua companhia hoje? Cuidou de você direitinho?  Assistiu aquela série/filme? Começou ou terminou aquele livro que queria? Estudou aquele assunto que queria conhecer mais?  E a mais importante: Você já se amou hoje?
                Tu podes pensar que vai continuar fazendo tudo isso quando estiver namorando e se continuar: Que bom! É para você manter a sua liberdade e continuar apreciando a sua própria companhia mesmo, o problema começa quando você engata em um relacionamento e começa a achar que a vida só tem graça quando está com aquela pessoa, quando não está faz absolutamente nada porque as coisas não tem mais sentido... Não faça isso.

                Vou lhe dar apenas três motivos:

1 – Você precisa viver, e a não ser que você tenha nascido multimilionário e não precise fazer mais nada para manter isso ninguém tem como passar 24 horas do seu lado, tu precisa manter pelo menos seus hobbys vivos.
2 – Ninguém quer ficar ao lado de alguém que não sabe viver sozinho, as pessoas precisam de espaço.
3 – Você pode estar no melhor momento financeiro da sua vida, com a melhor companhia do mundo ao seu lado e então ele/ela morre, você está sozinho novamente e seu mundo desaba, se você não se admirar esse momento vai ser mais difícil ainda de passar (O que também não quer dizer que o luto vai ser fácil).

Bem, fica a seu critério ser dependente ou não mas eu prefiro que você seja feliz estando ou não com alguém.

Texto em áudio:


Até a próxima!

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sábado, 11 de maio de 2019

Vacas [NEM TODA MULHER QUER SER PRINCESA.] - Opinião (COM SPOILERS)


                Podemos começar pela parte que eu achei tanto o titulo quanto a capa extremamente chamativos, o livro já desperta certa curiosidade antes mesmo de ser tocado, foi por acaso que ele foi sugerido enquanto eu visitava um site de livros e olha só: eu adorei.
                Ele conta com a narrativa de três personagens que lá pela metade do livro acabam se encontrando: Amei Camilla, adorei Tara e odiei Stella. Camilla ganha à vida sendo blogueira e com uma posição extremamente forte em não ter filhos, mas isso não quer dizer que ela não goste de crianças, Tara faz documentários, mas é o grande foco do livro quando acaba se masturbando no metro e é filmada por um garoto que publica o vídeo na internet, Stella é assistente pessoal de Jason, mas vive infeliz desde que sua irmã gêmea morreu e ela descobriu que durante sua vida pode acabar tendo câncer de mama.
                O começo desta historia pode ser um pouco pesada e difícil de apaixonar-se o que fez eu demorar um pouco para terminar o livro, mas quando as coisas começaram a ficar mais intensas eu basicamente o engoli. Tara acaba se encontrando com Jason e tem um encontro maravilhoso, mas decide por não transar no primeiro encontro e volta para casa (nesse dia que ela se masturba no metro) depois desse dia sua vida torna-se um inferno, ela é demitida com seus colegas caçoando dela, acaba tendo que dar um depoimento na policia, o que mais a preocupa é como as outras crianças vão lidar com a sua filha na creche, ela quer que sua filha seja feliz. Enquanto muitos estão rindo de Tara, Camilla escreve um texto em seu blog apoiando ela, acaba trocando vários e-mails com a mesma e se descobrem extremamente amigas, o que acaba sendo bom para as duas, a mãe dela não entende a sua posição de não ter filhos, acha que é uma raiva direcionada a ela mas no fim acabam se entendendo, coincidentemente ela tem um aborto marcado para o dia seguinte: Sua mãe vai lhe acompanhar, tudo parece estar indo maravilhosamente bem mas quando Mark (Um homem mais jovem que Camilla transa de vez em quando) vai até a porta de Camilla para se declarar, recebe um não, vai embora mas Camilla decide voltar atrás e abrir a porta... Nisso ela escorrega acaba caindo da escada e morrendo, uma morte tola para a minha personagem favorita. Em todo o inferno que está a vida de Tara, Stella faz de tudo para que Jason não consiga se contatar com ela porque decidiu que vai transar com ele para roubar seu esperma e finalmente realizar seu sonho de engravidar antes que precise retirar todo seu sistema reprodutor: Ela quer um filho de qualquer forma, inclusive fingindo que já está com câncer para que Jason dê mais atenção a mesma.
                Contei no geral praticamente a historia toda, mas não contarei como exatamente “termina” a vida de cada uma (Você acha que os rolos envolvendo a Camilla acabaram ali?), mas para ser bem sincera me deu uma sensação de “eu esperava algo mais impactante”, não que não tenha sido suficientemente pesada e me surpreendido em algumas partes, inclusive ver o aborto normalmente legalizado sem causar espanto nas personagens foi algo que me deixou feliz e que eu gostaria de ver no mundo todo. Ah, eu com certeza queria ter visto mais da Camilla Stacey.

Até a próxima!

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sábado, 13 de abril de 2019

Eu não pedi para você ficar

Foto da Brodie Vissers do Burst

Eu não pedi para você ficar

Implorei

Mas mesmo assim você preferiu se afastar

Eu tentei

Mas existem coisas que você não pode forçar

Eu queria poder fazer tudo

Talvez tenha sido você que roubou um pouco da minha doçura

Eu queria minha leveza de volta

Roubou?

Eu diria que arrancou com agressividade sem remorso

Penso nisso todos os dias

Eu deveria pensar menos?

Qual o porquê de você manter-se tão perto?

Eu queria estar menos sufocada

Mas você parece não se importar

Talvez seja questão de ponto de vista

Mas essa dor parece tão real

É você que a controla?

É um prazer aumenta-la?

Por que você não me deixa em paz?

Eu só queria ser feliz pelo menos uma vez

Mas você não parece querer

Até a próxima!

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sexta-feira, 8 de março de 2019

Eu sou mulher


Eu sou mulher, cresci sendo chamada de macho por não ser o padrão convencional  aceito pela sociedade, a mesma sociedade que se eu me identificasse como um homem trans gritaria com todo o ar dos pulmões que eu sou mulher.

Eu sou mulher, e eu tenho que avisar que já cheguei  em casa porque sabemos que nós não tememos só assalto, assalto é o menor dos nossos problemas.

Eu sou mulher, e se eu precisar pegar um Uber/99pop sozinha preciso compartilhar minha viagem com o máximo de pessoas possíveis e rezar pra ser o mais rápido possível.

Eu sou mulher, e sou mais “madura e responsável” que homens da minha idade só porque eu sou mulher e homem é assim mesmo.

Eu sou mulher, se eu for mais direta eu sou estupida e tenho que ficar dando sorrisinho.

Eu sou mulher, se eu quisesse uma profissão que majoritariamente possui homens eu seria julgada como mais incompetente.

Eu sou mulher, se eu me identificar como gamer é porque eu só quero atenção.

Eu sou mulher, se eu tenho algum amigo homem nós claramente estamos transando.

Eu sou mulher, se eu estiver bêbada eu sou um alvo fácil.

Eu sou mulher, se eu te falar um não eu sou puta.

Eu sou mulher, e eu tenho que escutar calada.

Eu sou mulher, e eu não deveria beber.

Eu sou mulher, e eu deveria ser mais feminina.

Eu sou mulher, e eu deveria usar sutiã porque meus mamilos podem distrair os homens.

Eu sou mulher, e se eu estiver com uma roupa mais curta é pra chamar atenção mesmo e não porque esta um calor infernal.

Eu sou mulher, e se eu engravidar e não quiser ter o filho eu sou obrigada porque homens ainda mandam no meu corpo.

Eu sou mulher, e eu deveria ficar em casa cuidando do lar.

Eu sou mulher, se eu apanhar é porque eu mereci.

Eu sou mulher, e eu não sei você, mas eu não tenho muitos motivos para comemorar, eu não quero seus parabéns, eu quero o seu respeito.


Até a próxima!
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sábado, 9 de fevereiro de 2019

7 Meses no Telemarketing

Foto da Sarah Pflug do Burst

            Diria que “7 Meses no Inferno” seria uma ótima opção de titulo substituto para esse texto, sem nem mesmo estar exagerando. Desde a época que eu descobri o que era telemarketing havia colocado uma imposição de que nunca trabalharia com isso na vida, mas o mundo gira não é mesmo?
            Sendo extremamente sincera, morando com os meus pais sem a necessidade de ajudar nos gastos tudo que eu arrecadei trabalhando com isso ficou para mim, mas será que valeu mesmo a pena? Essa é uma pergunta que eu já me fiz algumas vezes, porque ir trabalhar segurando o choro porque seu emprego te FAZ MAL PSICOLOGICAMENTE já pode se dizer que com certeza não parece uma boa ideia de ser continuada. O meu antigo setor recebe 1 mês de treinamento e pelo menos na minha vez, você não aprendia nada que prestasse direito para função, espero realmente que tenha mudado mas pelo menos foram 30 dias recebendo por não fazer nada, só estar lá, e a função é algo que eu realmente não concordo e isso era outro ponto que me fazia mal, fazer algo que eu considero totalmente errado, ligar para clientes que cancelaram seus planos tentando empurrar para eles o plano novamente até mesmo se o cancelamento foi pelo motivo de não utilização ou porque ele não tem mais como utilizar o plano e até mesmo caso o cliente te diga que não quer ouvir ofertas, você precisa fazer ofertas, eu discordo totalmente da pratica. Inicialmente o meu plano era ficar 1 ano na função, sai com 7 meses e alguns dias querendo sair com 6 meses sem cumprir aviso mas as vezes o dinheiro fala mais alto e você concorda comigo. Penso que talvez se eu tivesse ficado em outra função pudesse ter durado mais tempo, às vezes com vendas para não clientes você se preocupa menos... Com menos de três meses de empresa eu preciso admitir que eu quase desisti, eu já estava no meu limite e realmente não estava ligando para o que eu fazia, posso dizer com total segurança que eu poderia ter morrido nesse mês, literalmente, mas eu prefiro fingir que esse dia nunca existiu (Como vários outros da minha vida) e não gosto nem um pouco de ser lembrada dele. Enquanto ainda trabalhava lá comecei a ficar doente direto, acabei ficando várias vezes de atestado, na maioria das vezes eram doenças desencadeadas por estresse, na ultima que eu tive que afetou boa parte do meu corpo e eu ainda estou me recuperando foi o meu limite, ali eu pedi para começar a contar o aviso prévio (Cheguei a ficar doente também enquanto cumpria o aviso).
            Não gosto de terminar os textos de forma negativa então deixei para falar da parte positiva no final, mas antes preciso dizer: Se você tiver a opção de não trabalhar com telemarketing, não trabalhe. Eu não diria que foram 7 meses completamente inúteis, eu preciso que tenham sido uteis pelo menos em alguma coisa, foram 7 meses da minha vida. Antes de trabalhar com isso eu ficava extremamente desconfortável em falar no telefone ou até mesmo em chamadas online com os meus amigos, isso fez com que eu relaxasse mais, até porque, obrigatoriamente eu ficava 5 horas por dia no telefone. Conheci pessoas incríveis, obviamente também conheci pessoas péssimas mas essas a gente prefere esquecer que existem. As incríveis gostaria de levar para o resto da minha vida se possível, talvez não com a mesma proximidade de quando via todos os dias enquanto trabalhava mas relativamente perto. Uma das maiores queixas de operadores de telemarketing é que seu supervisor é um ser humano horrível, e nessa parte eu tive muita sorte, tive duas supervisoras incríveis, eu era acolhida mesmo obtendo um resultado de vendas extremamente baixo, todos eram importantes, diria até que é uma amizade fora da empresa. O ultimo ponto bom que gostaria de destacar é o dinheiro, querendo ou não, se não tivesse essa parte definitivamente eu não teria trabalhado com telemarketing, você gosta de poder gastar sem se preocupar, talvez realmente em uma proporção psicológica não tenha valido a pena, mas não deixa de ter sido uma sensação boa.

Só trabalhe com telemarketing se você realmente precisar.

Até a próxima!

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Ame, não force

            Um amigo meu terminou um relacionamento recentemente e eu só consigo pensar em quanto o ser humano consegue ser filho da puta. A maioria das pessoas quer ter alguém com quem passar o resto da vida, poder contar como foi o dia, ter um porto seguro, receber uns carinhos sempre que possível, mas é claro que querem que isso seja real e não forçado.
            Nós não podemos entrar de cabeça em uma relação nos forçando a acreditar que depois de um tempo ficaremos perdidamente apaixonados pela outra pessoa sendo que você colocou-se nessa situação sentindo absolutamente nada e a outra pessoa possivelmente deve te amar. Caso você queira apenas os pontos de prazer de uma relação, não entre em uma. Você pode ter todo o prazer da forma mais diversificada possível sendo solteiro ou até mesmo obtendo uma amizade colorida, obviamente deixando tudo claro entre as partes, você não precisa de um relacionamento sério.
            Caso tu sejas egoísta o suficiente para não pensar no outro, pense em você mesmo, não vai fazer bem para sua saúde mental ficar fingindo sentir algo que você não sente nem ¼. Ser sincero consigo é uma das maiores virtudes que podes ter, faz um bem que não imaginas até tentar, se coloque em um pedestal e se ache o maioral do universo mas por todos e principalmente por você, seja sincero.

            Por fim, não é querer condenar ninguém que já tenha feito isso na vida, seres humanos cometem erros porque não somos perfeitos, mas somos racionais o suficiente para não persistir no erro e continuar fingindo até depois do termino que estamos 100% certos sem considerar a dor do outro, admitir seus próprios erros é um dos primeiros passos para tirar aquele engasgo na garganta que você como tudo nessa vida finge que não está lhe fazendo mal.

Texto em áudio:


Até a próxima!

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